A Câmara aprovou um conselho “racial” que pode ser comandado por brancos, indicado por igrejas e sem nenhum poder. Uma farsa com selo oficial?
Na contramão da luta histórica contra o racismo, a Câmara de Taubaté aprovou nesta terça-feira (29) o que só pode ser chamado de uma caricatura de Conselho da Igualdade Racial. O projeto, idealizado pelo ex-prefeito José Saud (PP), foi completamente desfigurado pelos vereadores conservadores, e agora aguarda sanção do prefeito Sérgio Victor (Novo).
O absurdo? Um conselho que leva “igualdade racial” no nome, mas sem cota para negros e sem poder de decisão.

Desigual desde o berço
A versão original do projeto reservava metade das vagas para pessoas negras. Justo, já que falamos de um conselho de promoção da igualdade racial. Mas isso foi demais para a ala conservadora da Câmara, que tratou a representatividade negra como se fosse um privilégio inaceitável. Resultado: a cota caiu.
Com isso, o conselho pode acabar tendo maioria branca. Sim, você leu certo: brancos comandando um órgão que deveria combater o racismo. É o equivalente a montar um conselho ambiental com negacionistas climáticos.
De deliberativo a decorativo
Outra emenda dos vereadores transformou o Compir em um órgão meramente consultivo. Ou seja, nem poder de decisão ele terá mais. Uma espécie de “conselho figurativo” para dizer que existe, sem mexer em nada.

Igrejas no comando?
E como se não bastasse, a emenda ainda abriu espaço para que igrejas e grupos étnicos genéricos façam indicações de conselheiros, esvaziando o papel de entidades que realmente atuam contra o racismo. Não por acaso, a proposta agora permite a presença de representantes que talvez sequer entendam o que é racismo estrutural.
Cadê o prefeito?
Agora, tudo está nas mãos do prefeito Sérgio Victor (Novo). E a pergunta que não quer calar: ele vai sancionar um conselho que exclui os negros e serve apenas de enfeite? Se isso acontecer, será um sinal claro de que o discurso de igualdade em Taubaté é só para inglês ver.
👉 Isso é igualdade racial ou maquiagem política?
O que foi aprovado é mais um exemplo de como políticas públicas podem ser desmontadas com o pretexto da “representatividade ampla”.
Mas quando todo mundo pode tudo, quem sempre perde são os que mais precisam.
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