TAUBATÉ CRIA “CONSELHO DA IGUALDADE RACIAL” — SEM IGUALDADE E SEM NEGROS?

Notícia Opinião

A Câmara aprovou um conselho “racial” que pode ser comandado por brancos, indicado por igrejas e sem nenhum poder. Uma farsa com selo oficial?

Na contramão da luta histórica contra o racismo, a Câmara de Taubaté aprovou nesta terça-feira (29) o que só pode ser chamado de uma caricatura de Conselho da Igualdade Racial. O projeto, idealizado pelo ex-prefeito José Saud (PP), foi completamente desfigurado pelos vereadores conservadores, e agora aguarda sanção do prefeito Sérgio Victor (Novo).

O absurdo? Um conselho que leva “igualdade racial” no nome, mas sem cota para negros e sem poder de decisão.

469831084_18471218668065347_498900609203766765_n-1024x683 TAUBATÉ CRIA “CONSELHO DA IGUALDADE RACIAL” — SEM IGUALDADE E SEM NEGROS?
Foto: Diego fotos&arte

Desigual desde o berço

A versão original do projeto reservava metade das vagas para pessoas negras. Justo, já que falamos de um conselho de promoção da igualdade racial. Mas isso foi demais para a ala conservadora da Câmara, que tratou a representatividade negra como se fosse um privilégio inaceitável. Resultado: a cota caiu.

Com isso, o conselho pode acabar tendo maioria branca. Sim, você leu certo: brancos comandando um órgão que deveria combater o racismo. É o equivalente a montar um conselho ambiental com negacionistas climáticos.

De deliberativo a decorativo

Outra emenda dos vereadores transformou o Compir em um órgão meramente consultivo. Ou seja, nem poder de decisão ele terá mais. Uma espécie de “conselho figurativo” para dizer que existe, sem mexer em nada.

469736057_18471218677065347_1636618073039960454_n-1024x683 TAUBATÉ CRIA “CONSELHO DA IGUALDADE RACIAL” — SEM IGUALDADE E SEM NEGROS?
Foto: Diego fotos&arte

Igrejas no comando?

E como se não bastasse, a emenda ainda abriu espaço para que igrejas e grupos étnicos genéricos façam indicações de conselheiros, esvaziando o papel de entidades que realmente atuam contra o racismo. Não por acaso, a proposta agora permite a presença de representantes que talvez sequer entendam o que é racismo estrutural.

Cadê o prefeito?

Agora, tudo está nas mãos do prefeito Sérgio Victor (Novo). E a pergunta que não quer calar: ele vai sancionar um conselho que exclui os negros e serve apenas de enfeite? Se isso acontecer, será um sinal claro de que o discurso de igualdade em Taubaté é só para inglês ver.

👉 Isso é igualdade racial ou maquiagem política?

O que foi aprovado é mais um exemplo de como políticas públicas podem ser desmontadas com o pretexto da “representatividade ampla”.
Mas quando todo mundo pode tudo, quem sempre perde são os que mais precisam.

Share this content:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *